No foyer da EE, com vista ao jardim, os 21 novos estudantes se aglomeraram em frente a um tecido samakaka (tradicional de Angola) estendido pela janela. A placa de papelão que o sobrepunha dava as boas vindas a todos.
Antes de tudo, entoaram o Hino de Angola: “Honramos o passado e a nossa história,” diz a letra, “construindo no trabalho um homem novo”. Depois, a música Angola (País Novo), do músico Matias Damásio.
Assumiu o microfone Daniela João Baltazar, angolana e estudante de Relações Internacionais. Em voz plena e emocionada, ela declamou o poema Deus da Terra, de autoria de um amigo, sobre a atual situação política pela qual passa Angola. O país vive em estado de guerra civil após uma leva de protestos contrários ao aumento dos preços dos combustíveis. Mais de 50 pessoas já foram mortas por consequência da repressão policial do governo do presidente João Lourenço.
“A gente ainda tem a fé de que, pela educação, a gente vai melhorar o nosso país, e é por essa mesma educação que a gente hoje está aqui”, disse, ao fim do poema, Dorcas Wadiwa, estudante angolana da EE que conduziu as apresentações. “Porque somos jovens, a maior parte de nós, que deixamos a nossa terra-mãe, deixamos a nossa pátria, a nossa Angola querida, para estar aqui para lutar por um futuro melhor. É nessa Angola que nós acreditamos”, acrescentou.
O estudante de Engenharia Miguel Kalawaku cantou uma música de Toto ST, Luzingo Malembe, que significa “Vida calma”. Seguido dele, Cármen Pambassangue, técnica de enfermagem, recitou o poema Havemos de Voltar, escrito pelo primeiro presidente de Angola após a independência, Agostinho Neto. “Eu ainda creio, espero e acredito que voltaremos a uma Angola melhor, em uma Angola linda, livre de todo estigma e problemas que temos atualmente”, disse.
Trazendo a troca cultural ao paladar, a nutricionista Juliane Palma trouxe um bolo de fubá com goiabada, um alimento afetivo para muitos brasileiros, e fez uma apresentação sobre o milho na cultura culinária brasileira. Houve uma pausa para o bolo e para a confraternização.
Por último, Daniela declamou outro poema – Justiça Social –, Miguel cantou outra canção – My Life is in Your Hands, de Kirk Franklin – e, afinal, todo o ambiente desembocou em uma grande dança.
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