Giovanni Guido Cerri comenta o desenvolvimento, pela USP e Amazon, do Modelo de Linguagem Especializado (SLM), cujo objetivo é agilizar decisões judiciais na saúde, um problema que afeta a muitos brasileiros
O sistema utiliza inteligência artificial para processar e organizar informações jurídicas e médicas de forma integrada – Foto: Freepik
Um dos principais problemas da saúde pública atual é a judicialização, um aumento de ações judiciais que buscam garantir o acesso a serviços, medicamentos e tratamentos de saúde. Isso ocorre muitas vezes quando o sistema público ou privado não consegue atender às necessidades dos cidadãos. Sabendo disso, o Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP e o Hospital das Clínicas (HC), em parceria com a Amazon Web Services (AWS) e por meio do InovaHC, anunciaram o desenvolvimento de um Modelo de Linguagem Especializado (SLM). O programa, que visa a acelerar as decisões judiciais na saúde e resolver essa problemática que afeta a vida de muitos brasileiros, deve chegar aos tribunais neste ano. A iniciativa surge em meio ao crescente volume de ações na Justiça – estima-se 800 mil processos apenas em 2023, equivalente a quase uma ação para cada milhão de habitantes.
Desafio e como funcionará
O professor Giovanni Guido Cerri, presidente do Núcleo de Inovação Tecnológico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FM) da USP e responsável pelo projeto, explica que a judicialização da saúde consome recursos públicos e muitas vezes carece de critérios técnicos: “Não se pode desperdiçar recursos. A judicialização tem que ser justa, nos casos onde realmente o tratamento traz benefício ao paciente”.
Giovanni Guido Cerri – Foto: IEA USP
Há oito anos, hospitais de referência como Sírio-Libanês, Albert Einstein e HC começaram a fornecer pareceres técnicos para auxiliar juízes por iniciativa do professor no Fórum Social da Saúde. Hoje, são 5 mil consultas mensais em uma base com mais de 200 mil documentos. “Isso ajudaria a fazer com que os juízes pudessem julgar as ações com base em medicina baseada em evidências, ou seja, com critérios científicos, e por isso que esse acesso a um algoritmo de inteligência artificial facilitaria essas informações com base científica chegarem aos juízes, sempre elaboradas por profissionais da área de saúde”, destaca o especialista sobre a nova ferramenta de inteligência artificial.
O sistema desenvolvido a partir da parceria entre IME, HC e o AWS utiliza inteligência artificial para processar e organizar informações jurídicas e médicas de forma integrada, permitindo que juízes acessem automaticamente classificações de processos de saúde, identificando rapidamente casos relacionados a medicamentos e tratamentos. Isso os ajudaria a julgar as ações com medicina baseada em evidências, ou seja, com critérios científicos, de forma que aceleraria e melhoraria o processo judiciário. A expectativa é reduzir significativamente o tempo de análise – informações que antes levavam dias para serem compiladas poderão ser acessadas quase instantaneamente.
Inova-HC: ecossistema de inovação em saúde pública
Enquanto desenvolve essa solução com a Amazon o Inova-HC consolida sua posição como principal hub de inovação em saúde do País. “Hoje nós somos o maior hub da saúde na área de inovação e temos parcerias com dezenas de empresas, de governo e até já estamos levando o Inova-HC para outros países da América Latina”, afirma Guido Cerri.
O professor destaca que o programa Incube, que já gerou 72 projetos (25% com financiamento captado) de saúde digital no Estado de São Paulo, possui laboratórios especializados em IA, cirurgia avançada e saúde mental e fez uma expansão internacional para outros países da América Latina. Atualmente o Inova-HC está com inscrições abertas para a 6ª edição do Incube até 30 de agosto. As iniciativas abrangem desde saúde digital até cirurgia robótica, todas testadas no complexo hospitalar do HC.
“É muito importante que nós nos desvinculemos de somente importar soluções para desenvolver as soluções, porque nós acreditamos que não falta capacidade para nossos empreendedores e não falta conhecimento para termos aqui as soluções que precisamos para transformar o sistema de saúde”, finaliza o professor, reforçando o compromisso do Inova-HC em transformar conhecimento acadêmico em produtos reais para melhorar o SUS.
Jornal da USP no Ar Jornal da USP no Ar no ar veiculado pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h, 16h40 e às 18h. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular.
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